Centelha RR: Faperr, fomenta desenvolvimento de produto para  tratamento de vítimas de picada de cobra

Os acidentes ofídicos, causados ​​por picadas de serpentes, são um problema recorrente na Amazônia, afetando especialmente as populações indígenas, que muitas vezes têm dificuldade de acesso ao tratamento adequado nas suas comunidades. Apoiada pelo Programa Centelha, que visa estimular a criação de empreendimentos inovadores, a startup Zeta Venom Farmacêutica, iniciada em 2022 na cidade de Boa Vista, está desenvolvendo um tratamento alternativo para este desafio na realidade amazônica.

Com parte do financiamento advindo do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Roraima (Faperr), trata-se de um produto que se destaca pela acessibilidade, portabilidade, eficácia e segurança ao tratamento de vítimas de picada de cobra, o Venom-Block. Constituída por pesquisadores doutores na área no estudo de venenos de animais, a empresa trabalha no produto para atender as necessidades da população de Roraima, o que favoreceu a startup a receber o 1º lugar no Programa Centelha.

O Centelha é promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), e Fundação CERTI e, em Roraima, é executado pela Faperr.

Felipe Cerni, Pós-doutor pela USP e membro da equipe Zeta Venom falou sobre a importância do programa para o desenvolvimento do Venom-Block.

“Para nós da Zeta Venom, é extremamente gratificante receber o apoio fiscal da Faperr, uma fundação tão recente que tem batalhado e atuado de forma ativa e comprometida com o desenvolvimento da pesquisa científica em Roraima. Durante muito tempo, fomos o único estado brasileiro sem esse tipo de suporte, mas agora, com o incentivo da Faperr, podemos vislumbrar um crescimento significativo da ciência e tecnologia local, impulsionado por esse esforço conjunto.”

O Programa Centelha Roraima teve sua chamada pública lançada em 2022 com a submissão de ideias inovadoras.

“A equipe Zeta Venom sabe que o caminho para desenvolver um medicamento é desafiador e extremamente oneroso, mas estamos empenhados, assim como a Faperr, a mostrar para o Brasil e o mundo o potencial científico de Roraima”, finalizou Felipe.

 

Acidentes ofídicos

Em 2023, o Brasil registrou 341.806 acidentes envolvendo animais peçonhentos, marcando um notável aumento em comparação com o ano anterior, que totalizou 293.702 casos. De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde os maiores coeficientes de incidência por ofidismo foram observados nos Estados de Roraima (68,64/100 mil hab.), Pará (65,27/100 mil hab.) e Amapá (52,41/100 mil hab.). A Região Norte, como um todo, apresentou coeficiente de incidência de 55,26/100 mil hab., cerca de 4,1 vezes o coeficiente de incidência do Brasil.

A OMS incluiu os acidentes ofídicos na lista de doenças tropicais negligenciadas, que acometem, na maioria dos casos, populações pobres que vivem em áreas rurais. Mediante essa situação global e com o intuito de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Brasil, junto com diversos países das Américas, assumiu o compromisso com a OMS de reduzir em 50% a mortalidade até 2030.

Texto: Thaminne Dinelli

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